domingo, 27 de março de 2011

Complemento ao post anterior - Daily observations

Como profunda admiradora da obra limabarretiana, não poderia deixar de citá-lo em complemento ao post anterior.
Lima já tinha a exata dimensão do fascínio que a língua inglesa causava entre nosso povo.

"Percebeu Mme. Barbosa que lidava com os ingleses e, com essa descoberta, muito se alegrou, porque como todos nós, ela tinha também a precisa e parva admiração que os ingleses, com a sua arrogância e língua pouco compreendida, souberam nos inspirar."

Conto: Miss Edith e seu tio in BARRETO, Lima. Os melhores contos. São Paulo - SP: Editora Martim Claret. 2010.

sábado, 26 de março de 2011

Daily observations

Não é nenhuma novidade que a língua inglesa tem invadido cada vez mais o nosso vocabulário.
O uso de estrangeirismos promove um intercâmbio na linguagem, isso pode até ser saudável. Mas, o problema maior é quando apesar de termos palavras suficientes em nossa língua usamos palavras estrangeiras, principalmente o inglês, exageradamente. Estou parafraseando meu professor de língua portuguesa Fernando Vieira que sempre cita esse assunto em aula e também meu esposo Emanuel Carvalho que sempre cita esse assunto em casa.

Tudo bem, já li e até me acostumei com o uso de shopping center, blog, home page, feedback, mas nessa última semana senti um medo ao ver a proporção que as coisas estão tomando. Na Via Light, Nova Iguaçu, tem uma igreja em que as letras garrafais anunciam: "ALFA & OMEGA - with Jesus we are more than winners.", e agora digitando esse texto acabo de ouvir na rádio evangélica que ouço com frequência "(...) a igreja que tem the lions face". Oh my God, quero dizer, Oh meu Deus, parace que  Deus está cada vez mais globalizado, e só atende agora por palavras em inglês.
Isso me preocupa, pois sou evangélica e ainda não domino essa segunda língua tão bem assim.

Brincadeiras à parte, o uso de estrangeirismos acaba sendo usado como forma de  discriminação, pois a língua  é  poder. Quando em uma palestra, uma reunião, um cartaz, alguém usa termos em inglês indiscriminadamente acaba fazendo com que seu interlocutor, caso ele não domine os idiomas utilizados, não compreenda corretamente a mensagem, e  acabe sentindo-se diminuído. Parece que até o meio evangélico está fazendo uso dessa "arma".
Que possamos rever nossos conceitos.

Ah, a tradução do título da postagem é: Observações diárias.

Valéria Lourenço. 26.03.2011

Hino ao amor

1 Eu poderia falar todas as línguas
que são faladas na terra e até no céu,
mas, se não tivesse amor, as minhas palavras seriam
como o som de um gongo ou como o barulho de um sino.
2 Poderia ter o dom de anunciar mensagens de Deus,
terr todo o conhecimento,
entender todos os segredos e ter tanta fé, que até poderia tirar
as montanhas do seu lugar,
mas, se  não tivesse amor, eu nada seria.
3 Poderia ter tudo o que tenho
e até mesmo entregar o meu corpo para ser queimado,
mas se eu não tivesse amor, isso não me adiantaria.




1 Coríntios cap. 13 versos 1 ao 3

Bíblia Sagrada ilustrada. Barueri (SP): Sociedade Bíblica do Brasil. Curitiba (PR) :Editora Luz e Vida, 2006.

Um túmulo para Nova York - Adonis

1
(...)

Nova York,
corpo da cor do asfalto. Em torno da cintura faixa úmida, o rosto janela fechada...eu disse: abre-o Walt Whitman - "digo a senha primordial" - mas só a escuta um deus já fora do lugar. Os prisioneiros, os escravos, os desesperados, os ladrões, os doentes precipitam-se de usa garganta, e não há saída, não há caminho. Eu disse Ponte do Brooklyn! Mas é a ponte que liga Whitman a Wall Street, a folha-grama à folha-dólar...

(...)
Nova York - WALL STREET - RUA 125 - 5ª AVENIDA
Fantasma medúseo se ergue dos ombros. Mercado de escravos de todo  tipo. Pessoas vivem como plantas em jardins de vidro. Miseráveis invisíveis interpenetram-se como a poeira no tecido do espaço - espiral de vítimas.

O sol é funeral,
o dia, tambor negro.

"Um túmulo para Nova York", do livro "Este é Meu Nome (1970-1980)" - Adonis* , inédito no Brasil. Tradução de Michel Sleiman.
Fonte: Jornal O globo, Caderno Prosa e Verso - 19/03/2011

*Adonis é o pseudônimo do escritor sírio Ali Ahmad Said Esber.

Mar Português

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o abismo e o perigo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa, in Mensagem.

Unicidade

Só vou saber que te esqueci
quando a balança
mostrar apenas o meu peso

Por enquanto,
me imaginar sem ti
é olhar meus braços
e não estarem aqui

É olhar-me no espelho
e não nos ver

Só vou saber que te esqueci
quando me tocar
e não mais te sentir.

Rossyr Berny

domingo, 6 de março de 2011

Economia criativa

Dia 04/03/2011 assistindo ao programa Sala de Notícias, Canal Futura, deparei-me com uma entrevista de Lala Deheinzelin. Tudo bem que o sobrenome é complicado, e parece de artista estrangeira, mas essa economista brasileira de conversa amigável mostrou ao longo da entrevista pontos que podem ser mudados no nosso país quando o assunto é desenvolvimento sustentável e economia criativa, termo novo para mim até este momento.
Lala, que é do Movimento Crie Futuros, falou de forma simples sobre conhecimento e criatividade. Segundo a economista, no século passado nós tínhamos a economia da escassez, com ouro e riquezas e agora, no século XXI, descobrimos que a indústria criativa, e consequentemente a economia criativa está em primeiro lugar.
A economia criativa caracteriza-se pelo capital social. No nosso país ainda temos falta de capital social, há muitas pessoas fazendo muitas coisas separadas, falta a capacidade de agir de maneira integrada, pensando no coletivo. Essa seria a chave do nosso desenvolvimento.

Lala nos alerta que a “galinha dos ovos de ouro” do novo milênio é a diversidade cultural. E o Brasil como um país rico nesse sentido tem de aprender a fazer uso dessa ferramenta tão farta que possui, e não matar sua “galinha” como tem feito. A diversidade cultural está inteiramente ligada à autoconfiança, e esta por sua vez, ligada à auto-estima. Item ainda em escassez no nosso país.


Uma das grandes dificuldades que temos em atingir estes ideais de desenvolvimento e auto-estima é o simples fato de que as coisas essenciais a essa nova era são intangíveis. Não temos ainda medidores qualitativos para saber quando um trabalho social tira um jovem da rua, muda sua vida e o torna um cidadão de bem. Nossos medidores ainda são quantitativos.
Ainda está sendo criada uma moeda de troca (escambo) para o intangível.
Temos um belo exemplo no Festival Calango* (Cuiabá), onde eles já se utilizam da economia criativa e aceitam o Cubo**, uma moeda válida em 25 dos 27 estados brasileiros.

No entanto, a economista é otimista ao ressaltar que quando pensavam o  futuro mundial há muitos anos atrás, os estudiosos viam um lugar cinzento, egoísta e belicoso, mas surpreendentemente temos notado que o futuro pode ser mais verde, mais integrado, plural, miscigenado e mais, muito mais pacífico.


Isso é o futuro.

Michel Serres tem razão, viva a nossa miscigenação.

Fonte: Sala de notícias. Canal Futura. 04 de março de 2011 às 20:30 hs.
Repórter: Cristina Amaral.
Entrevistada: Lala Deheinzelin (economista criativa -  Movimento Crie Futuros)