sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Presente ou "Nega do cabelo duro"


Acontecia um planeta de colinas em meu mundo,
universo completo e complexo de rochas intransponíveis,
obviamente,
pior ainda, escalamitosamente medonhas,
no entanto minha identidade caminha!

Desesperavam-se alpinistas dos mais esbeltos, sorrateiros,
comuns, de casa, sem casa e ainda mais de entendidos nas cordas.
Seguia-os afoita,
no auge de suas escapatórias medíocres,
na incompreensão das impossibilidades,
identidade ressequia!

Incontáveis açoites de mosquetões, técnicas,
superficiais ou desvanecidamente fundamentais.
Batia minha couraça contra as rochas,
desafogo impróbito em salvar os auges,
um céu somente negro e profundo de rocha,
arenoso, improvável lar de identificação.

Arrebento!

Descalço as sapatilhas calmamente,
tiro toda parafernalha de segurança,
tiro o agasalho, arranco fora a camisa de manga comprida,
finalmente me alivio da pressão das segundas peles,
calças térmicas e lycra para conter o calor,
Tiro também os sutiãs com proteção
e carrego finalmente meus seios fora, ao ar do meu mundo de pedra.
Dou a luz fúnebre meu sexo, livre da maldita calcinha reforçada.
Exponho o meu sexo!

Subo as montanhas como a colina de meu povo fugido,
Os olhares alpinísticos diferem, divergem e se perdem.
Passo caminhar passos largos a feroz liberdade do meu ser.
Ando, caminho e rebolo frenéticamente montanha acima,
parece meu grito de assombrar a natureza vindo a tona,
na velocidade dos meus passos o universo se transforma,
minha mudança de domicílio social começa hoje!
e a montanha termina,
é... existi um fim,
no cocuruto mais alucinante,
nenhum alpinista seria capaz de alcançar,
perdidos em tantas especulações medíocres,
consigo observar além das rochas.
Aqui está a resposta de tudo, o fim das perguntas,
sim!!!
Meu auge é Black Power!


Texto gentilmente enviado por um leitor do blogue, inspirado no "Manifesto do meu cabelo Black Power".

domingo, 5 de agosto de 2012

EU

nao quero mais falar de nada alem de tudo isso que esta dentro de mim
e tudo vem tao rapido
a vida nao me da tempo para respirar fazer pausas e pontuaçoes necessarias
compreenda quando me vir desse jeito
e o jeito que nasci
com erros
cheia de desvios de norma
sem hierarquias

mas com uma imensa ferida rasgando o peito
queimando a agua que insiste em molhar meu pes
queria ter algumas respostas pulsantes
urgentes morro sem encontra las nesse turbilhao em que se transformaram meus sonhos

lindos sonhos
nao    
sonhos loucos
impregnados de controversias exacerbadas
talvez nem tao lindos para serem impressos e colocados na folha de um livro
ou uma página virtual

mas incensos suaves para impelir meus passos
a caminhar adiante cada dia mais

queria ter escolhido o dia e a hora de meu nascimento
outro signo outra perspectiva
mas sou do ar
nao fixe meus pes no chao

Valéria Lourenço. (05/08/2012) às 22h12